SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
No dia 25 de novembro, o professor Dênis Wagner Machado realizou uma reflexão alusiva a passagem ao Dia da Consciência Negra. Num primeiro momento destacou a legislação brasileira em relação ao tema: História e Cultura Afro-brasileira. E logo depois explanou sobre as situação dos negros após o fim da escravidão e a situação atual.
Segue abaixo alguns trechos da fala do professor:
“O dia 20 de novembro foi estabelecido como o dia da consciência negra. A sugestão foi do poeta e militante gaúcho Oliveira Silveira. A data faz menção à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Um negro transformado em escravo que fugiu de seu senhor e se tornou líder do Quilombo dos Palmares – situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na região Nordeste do Brasil.
A data é considerada uma conquista do movimento e da militância negra unificada contra a discriminação racial. Ela coloca de escanteio outra data, o 13 de maio de 1888, dia da abolição da escravatura. Isso ocorre pois o movimento negro entende o 13 de maio como uma “falsa liberdade”, uma vez que a lei áurea colocou a população afrodescendente entregue à própria sorte e sem nenhum tipo de assistência pública. Não receberam terras e sementes para plantar, como ocorreu com vários imigrantes alemães. Não receberam cargos públicos, como ocorreu com vários imigrantes portugueses. Não receberam empregos premeditados, como ocorreu com vários imigrantes italianos. Por isso, com medo de tanta gente branca e racista que milhares de ex-escravos imploraram aos seus senhores para continuarem como escravos, que não contariam a ninguém, aceitariam ganhar menos, desde que tivessem a proteção de um branco armado. Foi assim em São Paulo, foi assim em Pelotas e Rio Grande, no nosso estado.
Foi assim que surgiram os cortiços no Rio de Janeiro, pousadas precárias feitas de madeira em meio a cidade, que mais tarde foram colocadas a baixo, para dar lugar aos prédios e boulevares da belle epoque tropical. Copiavamos a França naquele momento. E o povo preto e pobre? Precisou subir os morros e se virar como puderam. Surgia assim as favelas, não por causa da preguiça negra, mas por causa da resiliência negra em não se entregar, em não morrer.
Entendem agora porque existem tantos e tantas negras e pardas nas favelas do Rio e do Brasil? Essa parcela da população não recebeu terras, água encanada, luz ou qualquer benesse do nosso estado por um bom tempo. Em muitos lugares, precisaram se organizar para não conseguir e não desaparecer.
A data traz a luz questões importantes: o racismo e a desigualdade brasileira. Mas não somente. Mais que relembrar a escravidão e o descaso público passado, a data reforça a importância da realização de novas lutas, de novos atores sociais, para tornar a nossa sociedade mais justa, mais democrática, além de mais respeitosa com as diferentes etnias raciais que tornaram esse país um gigante.
Por mais que melhorias e mudanças tenham acontecido, a falta de oportunidades e o racismo estrutural presente nos detalhes cotidianos reforçam a necessidade de falarmos do assunto…”
Professor Dênis Wagner Machado